O overtraining é um problema muito comum entre pessoas que praticam atividades físicas. Ele é causado pelo grande desgaste do corpo devido ao excesso de treinamentos físicos que não respeitam a recuperação biológica, física e emocional. Muitos exercícios, alta intensidade, falta de descanso, número elevado de competições, monotonia do treinamento, predisposições, baixa ingestão de nutrientes e até fatores ambientais estão entre as causas.
Os atletas que sofrem de overtraining sentem redução do desempenho, dores, falta de estímulo, variações de apetite, peso, sono e humor e até queda no sistema imunológico.
Quadros de ansiedade, depressão, irritabilidade, estresse e nervosismo também podem ser conseqüências da prática de exercícios físicos em exagero, além de alterações nos níveis hormonais do corpo.
Esse desequilíbrio entre treinamento e recuperação pode ser evitado com monitoração freqüente dos hábitos do atleta, como alimentação, padrão de hidratação, consumo de substâncias como o álcool, café, cigarro e qualidade e quantidade de sono, além do nível de estresse.
Também é importante usar a escala de percepção de esforço para se dosar a sensação de fadiga e ficar atento às alterações de humor, freqüência cardíaca durante o exercício e o repouso, sempre com anotações permanentes. Antes de o corpo entrar em overtraining, esses fatores já podem ser notados e diagnosticados através do acompanhamento de um fisiologista, que avalia qual carga de exercícios o biótipo do atleta comporta.
Não só os atletas profissionais estão sujeitos ao overtraining. Ele é comum em pessoas que buscam um ritmo intenso nas academias, que correm maratonas ou que praticam esportes que pedem desafios. “Os exercícios liberam substâncias que têm ações de motivação, memória e criatividade. Tudo isso faz com que muita gente se esqueça dos limites”, diz o preparador físico José Rubens D´Elia.
Depois que o overtraining já afeta o corpo, o tratamento exige paciência e uma pausa longa nas atividades esportivas. “É preciso sair de campo para a recuperação e acompanhamento médico com medicação e até a ajuda de psicólogos ou psiquiatras. Tem gente que ‘queima’ tudo (energia) e precisa de muito tempo para se recuperar. O período mínimo é de três meses”, diz.